sábado, 7 de maio de 2011

Resenha Crítica do filme "Preciosa"

*Antes de qualquer coisa, gostaria de deixar claro que Resenha Crítica não é uma sinopse. Nome auto-explicativo.* 


A vida é PRECIOSA.
“A vida é dura. A vida é curta. A vida é dolorosa. A vida é rica. A vida é Preciosa.”

Preciosa – uma história de esperança é uma obra baseada no livro Push (1996), de Saphiffe, e já reúne 4 prêmios e 58 indicações pelo mundo.
Lee Daniels conta com a nobre participação de Oprah Winfrey, que divulgou todo esse espetáculo e ainda ganhou a posição de Produtora Executiva.
Claireece Preciosa Jones (Gabourney Sidibe) é uma adolescente difícil. Com seus apenas 16 anos, foi abusada sexualmente pelo pai, e com ele teve dois filhos. Vale lembrar que um deles era portador da Síndrome de Down.
Negra, obesa e soro-positiva, Preciosa precisava se reconstruir. Não foi um caminho fácil, é claro.
Como nada na vida é impossível, Lee conseguiu perfeitamente colidir a realidade com a ficção, usando metáforas difíceis de desvendar: o ovo fritando, representando a vida sendo destruída, a água jorrando incessantemente da torneira, mostrando mais uma vida que se vai, desperdiçada.
A escada nos faz enxergar quem “está por cima”. Sua mãe passava a maior parte do tempo no andar de baixo, assistindo televisão. Já sua filha, preferia ficar em seu quarto, situado no segundo andar. Ou seja: A mãe dependia de Claireece para tudo, conseguir dinheiro, manter a moradia, a custódia de “Mongo” e Abdul e até para fazer comida.
O cenário principal de todas as amarguras cotidianas de Claireece foi a sala de sua casa – não podemos, em nenhum momento, chamar de lar -, um ambiente escuro, cativando-nos a impressão de sujeira e maus tratos.
Em vários momentos do filme, a adolescente imagina-se cercada de glamour, fãs e um namorado. Isso acontecia quando demonstrava fragilidade ou era caçoada. Era como uma gangorra. Preciosa fantasiava sua vida assim para que pudesse levantar e continuar esperançosa. Todos esses elementos, inanimados ou não, foram brilhantemente preparados pelo diretor.
O figurino também foi uma peça importantíssima na construção desta masmorra de sonhos trancados. A mãe, interpretada por Mo’nique, era maltrapilha, usava roupas largas e perucas. Além de ser fumante, o que piora ainda mais a imagem de mãe e avó.
Um ponto que chama a atenção é o vocabulário. A comunicação entre mãe e filha é feita de palavrões e expressões chulas. Concordância verbal nota zero nesse quesito. Era de se esperar...
A figura paterna é inibida na única – e uma das mais fortes – cena em que o pai (?) da adolescente aparece. Esta é a intenção. Fazer com que esse homem seja apagado da história, por ser tão covarde.
A última cena do longa é, de longe, uma das partes mais emocionantes: Preciosa caminha com seus filhos, rumo à felicidade. No caminho, entrega um lenço de cor vermelha, que carregava no pulso, como se fosse um símbolo de prisioneira, a uma menina que, assim como ela, sofria abusos. Preciosa estava livre. 




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