domingo, 15 de maio de 2011

Recordações escuras.



A cada lágrima escorrida
Tenho uma lembrança.
Veio à cabeça a escola amada
Que me maltratou quando criança.
Mas Deus me deu poder
E me ajudou a vencer.

Lembrei-me agora
De um colega que tive
Era o que ele dizia ser.
Que me batia em qualquer hora
E me fazia sofrer.
Hoje me pergunto: como ele deve viver?

Sempre me pego perguntando
O porquê de fazerem isso.
Formam um exército,
Andam em bando.
Apenas para nos destruir
E continuar nos afogando.

Sonhava com uma vida diferente
Enturmando-me com os outros.
Mas se Ele assim quis,
Tive de me contentar.
Mesmo que minha felicidade
Estivesse por um triz.



Bullying é seu nome.
Só não tem identidade.
Não sabemos se é mulher ou homem,
Nem qual é a sua idade.
Só sei que já passou da hora
De isso ir embora.


Estou tentando esquecer
Todo o mal que me fizeram.
Cuspiram no meu orgulho
Humilharam-me a troco de nada.
Meu coração agora está
Como o pavio de uma granada.


Consegui me reerguer
Para as barreiras superar.
A cada nível da vida
A dificuldade tem de aumentar.
Por isso não me deixei abalar
Vendo me obrigado às lágrimas segurar.


Oro todo o tempo
Para que criem um novo invento.
Que possa revolucionar a humanidade
Escondendo todo o lamento
E destacando a humildade.
Espero que assim seja.


sábado, 7 de maio de 2011

Resenha Crítica do filme "Preciosa"

*Antes de qualquer coisa, gostaria de deixar claro que Resenha Crítica não é uma sinopse. Nome auto-explicativo.* 


A vida é PRECIOSA.
“A vida é dura. A vida é curta. A vida é dolorosa. A vida é rica. A vida é Preciosa.”

Preciosa – uma história de esperança é uma obra baseada no livro Push (1996), de Saphiffe, e já reúne 4 prêmios e 58 indicações pelo mundo.
Lee Daniels conta com a nobre participação de Oprah Winfrey, que divulgou todo esse espetáculo e ainda ganhou a posição de Produtora Executiva.
Claireece Preciosa Jones (Gabourney Sidibe) é uma adolescente difícil. Com seus apenas 16 anos, foi abusada sexualmente pelo pai, e com ele teve dois filhos. Vale lembrar que um deles era portador da Síndrome de Down.
Negra, obesa e soro-positiva, Preciosa precisava se reconstruir. Não foi um caminho fácil, é claro.
Como nada na vida é impossível, Lee conseguiu perfeitamente colidir a realidade com a ficção, usando metáforas difíceis de desvendar: o ovo fritando, representando a vida sendo destruída, a água jorrando incessantemente da torneira, mostrando mais uma vida que se vai, desperdiçada.
A escada nos faz enxergar quem “está por cima”. Sua mãe passava a maior parte do tempo no andar de baixo, assistindo televisão. Já sua filha, preferia ficar em seu quarto, situado no segundo andar. Ou seja: A mãe dependia de Claireece para tudo, conseguir dinheiro, manter a moradia, a custódia de “Mongo” e Abdul e até para fazer comida.
O cenário principal de todas as amarguras cotidianas de Claireece foi a sala de sua casa – não podemos, em nenhum momento, chamar de lar -, um ambiente escuro, cativando-nos a impressão de sujeira e maus tratos.
Em vários momentos do filme, a adolescente imagina-se cercada de glamour, fãs e um namorado. Isso acontecia quando demonstrava fragilidade ou era caçoada. Era como uma gangorra. Preciosa fantasiava sua vida assim para que pudesse levantar e continuar esperançosa. Todos esses elementos, inanimados ou não, foram brilhantemente preparados pelo diretor.
O figurino também foi uma peça importantíssima na construção desta masmorra de sonhos trancados. A mãe, interpretada por Mo’nique, era maltrapilha, usava roupas largas e perucas. Além de ser fumante, o que piora ainda mais a imagem de mãe e avó.
Um ponto que chama a atenção é o vocabulário. A comunicação entre mãe e filha é feita de palavrões e expressões chulas. Concordância verbal nota zero nesse quesito. Era de se esperar...
A figura paterna é inibida na única – e uma das mais fortes – cena em que o pai (?) da adolescente aparece. Esta é a intenção. Fazer com que esse homem seja apagado da história, por ser tão covarde.
A última cena do longa é, de longe, uma das partes mais emocionantes: Preciosa caminha com seus filhos, rumo à felicidade. No caminho, entrega um lenço de cor vermelha, que carregava no pulso, como se fosse um símbolo de prisioneira, a uma menina que, assim como ela, sofria abusos. Preciosa estava livre. 




Errar é humano

     Todas as criaturas racionais, que passaram pela vida na Terra até hoje, dizem que errar é humano, que faz parte da vida, que é inevitável. Há quem diga que até nosso Jesus Cristo, aquele que era puro e perfeito, já errou.
     Erro. No dicionário, consta que esse pequeno, porém doloroso substantivo masculino significa falhar, ter um juízo falso sobre algo. Conspira até o desvio do bom caminho.
     Um dia qualquer, medíocres vinte e quarto horas da nossa vidinha chata e monótona de trabalho/casa, está repleto de erros e mentiras. Mais do que imaginamos. É uma mentirinha ali, um equivocozinho aqui... afinal, errar é humano.
     À noite então, nem se fala! Tantas falhas, desvios de tão boa conduta que apresentamos durante o dia... "Cuidado, a Lei Seca não está dando mole não!" De que adianta falar? Aliás, nem precisa, porque errar é humano.
     É nesta parte que entra o fim desse ditado, usado como pérgula para esse arranha-céu de tropeços: '' E persistir no erro é burrice.'' Palmas.
     Um dos momentos mais sofridos do erro é o perdão. Assim como errar é humano, perdoar torna-se mais humano ainda. Além disso: é divino.
     Quem perdoa ama, dá uma chance, abre os braços para, mais uma vez, ser amado e receber confiança.
     Todos temos que saber perdoar, sempre. Por mais que errar seja uma fatalidade inescapável.



Janice comenta: "Milena: seu texto apresenta um passeio prazeroso por reflexões filosóficas e existenciais em torno de um tema: o erro. Trata-se de um ótimo exercício textual, que você pode prolongar, mudando os tópicos a serem tratados..." "Ótimo nível de linguagem!"


   

Treze anjos e um demônio

     "Psicopata e vítima de Bullying mata 13 no Rio de Janeiro."

     A tragédia que chocou o Brasil e o mundo na manhã de 7 de abril de 2011 estava estampada na capa dos jornais e em páginas da internet. Até quando ?
     Até quando teremos que apertar nossos corações já fartos de tanta violência ? Até quando seremos obrigados a, ao chegar em casa, depois de um cansativo dia de trabalho, comover-nos com a dor de mães que perdem seus filhos, seus pequenos pássaros ainda sem penas suficientes para voar ?
     Uma criatura, ao tirar a vida de crianças, que tampouco tiveram alguma coisa a ver com suas desavenças pessoais do passado, com certeza ainda é atormentado pelas vozes do pretérito.
     Frio, indiferente e com palavras confusas, Wellington se justifica: "Muito já morreram, assim como eu morrerei, pelos injustiçados, ridicularizados." Sustendado por uma ''religião'' um tanto confusa, o ''pobre rapaz excluído'' inventava personagens, e com eles histórias, tão assombradas quanto sua mente.
     Onde entram os alunos do ano letivo de 2011, na Escola Municipal Tasso da Silveira? O que essas inocentes almas tinham a ver com o desequilíbrio mental do assassino ? E a família desses jovens ?
     ''A pessoa que fez isso já está morta!" Plavras ditas por um policial militar que, com dificuldade, domava a população do lado de fora, sedentas por justiça.
     Cuidado. Esse foi só o começo. Agora, todos os ameaçados quando criança e prisioneiros do fantasma do passado se libertarão. Para eles, a atitude doentia de Wellington foi ''bacana''. Ele sim é um espírito de luz que lutou pelos ridicularizados ainda em vida. Até quando ?


Janice comenta: "Excelente, Milena! A reiteração da frase 'Até quando ? ' garantiu o ritmo do texto, conduziu a coesão e, junto aos demais enunciados curtos, econômicos, emprestou poeticidade ao texto!"