domingo, 24 de julho de 2011

Caos Espiritual, Psicológico e Estético.

    O mundo me assusta. Não diria isso se vivêssemos no século passado. Hoje estamos, a todo momento, apressados, querendo passar uns por cima dos outros. E que se dane o resto. O resto é como se fosse uma legião de subalternos fúteis desejando aderir às modernidades criadas por um intelectual qualquer que veio a ter seu nome publicado em um jornal renomado. Tudo isso me soa tão caótico. É uma desordem e confusão generalizada, o mundo de hoje. Viramos tudo de ponta a cabeça, sem nos importar com a paz de espírito. Nosso cérebro não dura eternamente. Nada é eterno.
    As pessoas do século XXI voltam sua atenção à tudo aquilo que vai lhes gerar atenção pública e mundial futuramente. A terceira pessoa foi empregada, não para me excluir da população-máquina, não. A questão é: é mais prazeroso falar das pessoas, como se você não fizesse parte da massa.
    Olho ao meu redor e me sinto uma estranha, rodopiando assustadoramente por entre tantos acontecimentos apocalípticos e sobrenaturais: anomalias, clones, doenças sem cura, novas drogas, espécies animais jamais vistas pelo homem. É só o começo. Conflito entre povos, ciência versos religião - disputa milenar - tudo envolvendo notas verdes. Verdes no sentido financeiro da palavra. Não no sentido no qual o planeta implora para ser usado: sustentabilidade. Não cabe a mim responder à pergunta que não quer calar: Ainda há tempo para construir um lugar agradabilíssimo para ambos, humano e natureza? Posso dizer apenas que, se o homem consegue produzir um celular que particamente telefona sozinho, ele é capaz também de colocar a mão na massa e atender ao bem comum. Recurso é o que não falta. Bem, não costumava faltar.
    A figura feminina está, finalmente, ganhando seu espaço no mercado de trabalho. Passou a existir jornada dupla, tripla. Portanto, cuidar-se virou rotina: esteticista às 14:00; salão de beleza marcado às 15:30 para fazer as unhas; buscar o filho na escola às 17:00 e , por fim, retornar ao lar e encontrar tudo bagunçado. E vão elas arrumar toda a casa, até que o marido chegue e faça o jantar. Quando essa função não cabe a ela. Depois de um prato congelado, desses comprados em supermercados, uma briga cotidiana: as contas que estão atrasadas, a sogra que inferniza a vida conjugal, e 'blá blá blá'.
    Não há mais tempo para Deus, para a poesia ou para a tranquilidade. Tudo muito corrido. Sei que comigo não será diferente. Quem sabe, no futuro, alguém inventa um Senhor virtual, disponível para download, e que possa ser espremido em um aparelho eletrônico, entre músicas barulhentas e insanas, planilhas e relatórios mensais. Amém.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Senhora Eternidade


A eternidade nos espera.
Vamos, não perca tempo.
A eternidade acreditou em mim.
Seremos, para sempre, apenas nós dois.
Somos sujos, podres e fora da lei.
Nada mais me importa.
Construí um aconchego dentro de ti
Para onde me refugio,
Prestes a viver tempos de glória.
Vamos. A eternidade nos confiou
Um destino lindo e terno. Eterno.
Mãos atadas não podem voltar atrás
Do que se foi. Estão atadas.
Sei que somos errados. Errantes.
Segure minha mão
E esqueça-se de tudo. Tudo.
A eternidade entenderá
Tudo o que fizemos.
Ser terno, qualquer um consegue.
No entanto, ser eterno não é para qualquer um, meu caro.
Mas nós conseguimos.
Vamos. Meu querer está indócil.
Precisamos da eternidade.
Com licença, senhora eternidade:
Eu e minha poesia caquética queremos entrar.