sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Fera Ferida

Uns dizem que o mundo gira
em torno de seu próprio consciente.
O inconsciente fica estático. Cético.
Esperando o momento no qual ele entra em cena
para estragar primeiro e segundo ato
do aterrorizante teatro da vida.

Sigo vendo feras e feridas por todo canto,
invertidas e zonzas. Feras zonzas? Feridas zonzas?
Vai ver, zonza estou eu.
Medonho é ver pessoas andando,
locomovendo-se sem culpa
de deixarem-me atordoada.

Feridas abertas,
feras amordaçadas.
Tome cuidado!
Eu, fera ferida,
degustarei cada parte de tua carne.
Cada parte da tua alma,
para que no fim de tudo, pois,
sobre apenas o perdão e o arrependimento.
Dentro de ti. De mim, saem apenas feridas
expostas à Sol quente, borbulhando
e debulhando-se em lágrimas
de um remorso estridente.

Fera ferida que sou,
que fiz-me e fazer-me-ei eternamente.
O luto em minha pele reinará para sempre,
as marcas e cicatrizes
serão prova de quão feroz fera fui.
E quantas feridas fúteis e úteis aparecerão ainda.
Sou eu, ferida feroz e fera ferida.


quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Poetisa aprendiz

Sou aprendiz ainda
nesse mundo da poesia.
Não sei rimar nem nada,
mas tenho assunto em demasia.

A poesia mais parece um rap, 
só que mais sentimental.
Nem sei qual vocabulário se usa,
a não ser o digital.

Tenho muito medo,
de me tornar uma 'Maria-Ninguém',
atordoada pelo vício
do ratinho que vai e vem.

Um dia todos se orgulharão
da poetisa de terão.
Expressará as angústias do povo
Num amor de dar gosto.

Tenho um pouco de vergonha
de me expôr assim,
mostrando pata todo mundo
o pavão que mora dentro de mim.

Esse pavão é feito de pássaros.
Ou melhor: pequenos palássaros
a alçar voo naquela direção.
sinto todas as palavras,
sem nenhuma abreviação.

Papai e mamãe acreditam em meu futuro,
apoiam-me sempre, dizem que 'está bom'.
Não quero que esteja apenas bom.
Quero que tudo soe
como as notas de um acordeom.

A cada dia que passa,
minha sede pelas palavras aumenta.
O eu lírico me acorrenta
e meu coraçãozinho descompassa.

O eu lírico sou eu
na maioria das vezes.
Tentando alcançar a glória,
como faz Marco de Menezes.