terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Sobre o fim do mundo

          Sou aqui apenas mais uma dissertando sobre o assunto mais comentado de 2012: o fim do mundo. Gostaria de depositar aqui nestes parágrafos o que eu penso de quem pensa que o mundo explodirá, se espatifará no meio do nada, será invadido por seres mais inteligentes que nós, enfim; e deixar a minha visão de 'fim de mundo'.
          Ao contrário de todas as outras vezes, serei direta: sinto pena daqueles que se empacotam da cabeça aos pés, sem deixar um único fio de cabelo para contar seus relatos sobre essa patética polêmica. Outro dia estava assistindo ao noticiário e mostrou-se alguns casos de crentes nesse acontecimento. Eu achei, sinceramente, que tinha me confundido e trocado para um canal qualquer de comédia. É lamentável a falta de noção sobre a cronologia da Terra e do mínimo de discernimento.
          Desculpem-me se parecer esnobe da minha parte, mas eu tenho a melhor professora de Geografia da  história! Em uma segunda-feira como outra qualquer, com inacabáveis aulas de Física pela frente, eu só queria aproveitar cada segundo daquela aula de vida, sugar o máximo possível daquelas veias onde corriam coordenadas geográficas. Rosa, com todo seu peculiar jeito de transmitir informações anti-alienativas, nos confortou, dizendo numa sinfonia de emoções - entre elas a inquietação, como sempre -, que a maior besteira que o homem poderia ter inventado é essa conversa de apocalipse e afins. Então, meus amigos, fiquem tranquilos e se aquietem no sofá, porque Salve Jorge ainda está longe de terminar.
          Não haverá, nem tão cedo, um fim do mundo geral, uma morte súbita e repentina de todo infeliz terreno. O fim ocorre aos poucos, e abraça cada um de nós, trazendo-nos, dia após dia, para mais perto dele. Todos um dia terão seu fim a fim de encontrarem-se com o Único infinito, de uma vez por todas. Pelo menos eu acho que é assim. O fim do mundo ocorre quando nossas perspectivas já são meras lembranças no coração de quem ficou. É o fim do nosso mundo; das nossas alegrias. Dos nossos anseios e angústias, sofrimentos que preferimos deixar na fronha do travesseiro. "O mundo acaba para todos os que morreram."
          Possuo dois olhos, dois lados no cérebro, duas grandes veias no coração, portanto, duas visões: quantas vezes seu mundo acabou até aqui? Eu, particular e pleonasticamente, tenho vivenciado frequentes ocorridos apocalípticos nos últimos quinze anos.
          O mundo da gente acaba junto com um relacionamento que jurávamos ser o-da-vida,  quando recebemos a notícia do mundo de um ente querido que se acabou. O mundo da gente acaba quando somos adolescentes e nada parece fazer sentido, tudo nos aborrece, nos entristece e nos fascina. Aí nosso mundo brilha, solta faíscas e papeis picados: a paixão chegou ao nosso mundo, talvez pela primeira vez, arrebatadora e imprevisível. E lá vai nosso mundo acabar outra vez. O fim do mundo na minha faixa etária ocorre a partir do momento em que nos vemos em situações desesperadoras, como se não houvesse nada ao nosso lado, nem na nossa frente - só nosso nariz -, e, tampouco, atrás de nós. É como se gritássemos mas ninguém ouvisse. Ou, por exemplo, quando toda nossa família segue toda a vida de encontro a nossas opiniões e dissertações sobre tolerância e liberdade.
          Bem, no momento, às 4:26 da manhã, já enxergo o fim do meu mundo quase nascendo com o Sol, e e eu aqui insistindo em detestar café. Boom!


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