quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

(´)E a vida.

      Éramos apenas nós. Eu. Água. Sol. Lentes dos óculos escuros. E a vida. A vida que passa por nós como um carro de corrida próximo à linha de chegada. A vida, curto espaço de tempo que temos depois do nascimento e antes da morte. Não pedimos para nascer, e nunca estamos preparados para morrer. Por isso, precisamos aproveitar o que está entre estes dois fatos. A vida.
Acho que esta reflexão sobre a vida em si foi uma das mais proveitosas e intrigantes até agora. Pensei em tudo. Refleti. Perguntei a mim mesma. E respondi minhas perguntas. Parece até que, de repente, estava pensando em tudo o que fiz e deixei de fazer da minha vida, como se fosse a última chance de tentar. Ou de se arrepender.
A vida é mesmo um soco no estômago.  Entretanto, depois que ela nos soca, temos a chance de chorar, expondo nossa covardia hereditária ou podemos, então, respirar fundo, engolir o choro e esperar a dor passar. Esperar. Quem espera nunca alcança. E sim quem sonha. Quem corre atrás. Quem arrisca, mesmo sabendo a proporção do perigo e a margem de erro. Tente. Se cair, levante! Essa, muito prazer, é a vida.
Por outro lado, temos que aplaudir a vida de pé. Não necessariamente a nossa. Podemos, por exemplo, aplaudir um cardume que passa por nós durante um simples passeio de barco. Isso também é vida! O problema é que, muitas vezes, estamos preocupados demais com o valor do passeio, se sairá muito caro. Pare. Admire. Deus nos deu tudo isso a troco de nada! Largue um pouco tudo o que te assusta, o que te atinge e te derruba. Sonhe acordado, não deixe o tempo passar. Mesmo que ninguém acredite, imagine um mundo só seu, com peixes que voam ou pássaros que soltem bolhas de sabão quando cantam. Seria legal. Bonito. Aliás, muito bonito. Só não deixe a vida passar tão rápido que você não possa nem sentir o cheirinho bom que fica depois que ela passa. Acaba.
A viagem é longa. Quero dizer, só para quem sabe para onde viajar e o que levar na bagagem. “É preciso saber viver.” E, por falar em bagagem, é bom preparar uma bem grande: leve tempo, lugares inesquecíveis – os bons e os que seriam melhor ser esquecidos - , amizades certas e erradas. Leve também algumas taças para tomar uns bons vinhos e acordar de ressaca, leve um amor para a vida inteira e uma namoradinha de infância. Leve livros, programas de TV, descobertas e suas perguntas. Não se esqueça da experiência adquirida com o tempo. Nossa, acho que, depois de tantas coisas que temos como bagagem, teremos de sentar em cima dela para que possamos fechá-la. É a vida.
Depois de todo esse devaneio sobre a vida, dei-me conta de que já havia dado quase uma volta inteira na piscina, sendo carregada pelos braços macios e turvos da água, sem mais nada a pensar. A questionar. A responder. Adormeci.

Um comentário:

  1. Minha , vc já é uma cronista. Muito sensível por sinal.Linda como sempre, por dentro e por fora. Continue assim vc é a maior alegria da minha vida. Te amo muito. Seu Pai, Dians.

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